Pensava nela a todo momento, para mim cada milésimo de segundo meu seria tomado por seu apetite e nada mais importaria, pois a cada minuto que por ela fosse devorado eu teria duas horas inteiras prontinhas para a saciar.
Foi então que minhas horas tomaram vida e a vida dela quiseram tomar, não a desejava mais, não a queria mais, meu tempo a havia devorado e tinha fome de carne nova, pois aquela estava gasta e a rotina havia retirado sua beleza.
Meu tempo e meu corpo pediam que jogasse fora a carniça do que um dia foi predador de pensamentos meus, apenas minha consciência via beleza ainda ali, mas não uma beleza pura e encantadora, uma beleza tomada com sentimento de pena e misericórdia. Minha consciência tinha dó de um cadáver. Com o tempo, que sabia manipular bem, a consciência se tornou vontade de migrar, joguei-a fora e parti em busca de um novo alimento.